
A aromaterapia é uma arte e uma ciência, mas não um culto ou uma religião. Ela não pode resolver todos os problemas do mundo e não opera milagres, mas pode ser parte da arte de se viver próximo à natureza e ajudar a aliviar muitas doenças comuns e algumas mais raras.
Por ser um conteúdo mais amplo e detalhado, vamos separar esse estudo em 2 partes, essa primeira veremos algumas das várias vias de administração dos óleos essenciais assim como barreiras corporais, suas vantagens, aplicações e cuidados relacionado ao seu uso.
Os óleos essenciais possuem diferentes níveis de ação: espiritual, mental, emocional, energético e físico.
Lembretes rápidos
É muito importante entender o que são os óleos essenciais para que eles possam ser utilizados com eficácia e segurança. Antes de começarmos a ver as várias vias de administração com seus riscos e benefícios, vamos rever rapidamente alguns conceitos básicos.
Os óleos essenciais na planta
Os óleos essenciais são o princípio aromático da planta, os componentes químicos que dão a uma planta a sua fragrância característica. Na abordagem espiritual da aromaterapia, os óleos essenciais são considerados a força vital, a energia ou a “quintessência” da planta.
É importante observar que as plantas não usam seus óleos essenciais em sua forma pura, elas os reservam em áreas específicas e os liberam de forma diluída quando necessário para seus processos bioquímicos.
Os óleos essenciais são usados pela planta como hormônios ou como parte de seu sistema imunológico. De certa forma, os óleos essenciais das flores são parte do sistema sexual da planta. Muitos óleos essenciais possuem propriedades afrodisíacas e outros atributos relacionados à reprodução e à sexualidade (emanagogos, balanceadores hormonais, atenuantes da TPM ou menopausa, entre outros).
Na verdade, o que caracteriza o óleo essencial é a volatilidade, ou seja, a sua capacidade de evaporar completamente quando exposto ao ar. Se você colocar uma gota de óleo graxo, como óleo de canola, por exemplo, em um pedaço de papel, este ficará manchado e a mancha permanecerá. Se colocar uma gota de óleo essencial no mesmo pedaço de papel, em algum momento, o óleo irá evaporar completamente.
Essa propriedade volátil é o que permite que nós sintamos o cheiro do óleos essenciais e os extraiamos através da destilação.
Os óleos essenciais são lipofílicos, ou seja, eles são facilmente absorvidos por óleos graxos, ceras e gorduras. Essa propriedade nos permite fazer óleos florais e possibilita a extração através de um processo chamado enfloragem.
A lipofilicidade dos óleos essenciais é muito útil na preparação de óleos faciais e de massagem e é fundamental para a absorção dos óleos pelo corpo e sistema circulatório.
Os óleos essenciais são hidrofóbicos, ou seja, eles não se misturam com a água. Essa propriedade é necessária no estágio final da destilação a vapor, na qual os óleos essenciais são separados da água. Isso dificulta o uso desses óleos em produtos à base de água. Deve-se usar um emulsificante ao adicionar óleos essenciais em água.
De muitas formas podem ser usados os óleos essenciais, uma das suas utilidades é ser solventes orgânicos, logo, os óleos de pinheiro e limão, por exemplo, são usados como limpadores e lustradores, os óleos de laranja são usados na limpeza de resíduos mecânicos e o limoneno em produtos desengordurantes. A terebintina é utilizado como diluente em tintas.
Barreiras corporais na administração: absorção, distribuição, armazenamento, metabolismo e excreção
As barreiras físicas do corpo
Nosso corpo se protege das exposições não invasivas a substâncias indesejadas e patógenos usando três barreiras físicas: a pele, o trato digestivo e o sistema respiratório. O cérebro é ainda mais protegido por uma barreira interna, a barreira hematoencefálica.
Ao contrário do que se acredita, a pele não é a nossa maior barreira de proteção. Se todas as dobras, cavidades e rugas da superfície de contato do trato digestivo fossem estendidas, ela teria mais de 350m2 . Para os pulmões, que possuem cerca de 300 milhões de alvéolos, a superfície de contato total seria de cerca de 70m2 .
Essas barreiras também são vias de administração de substâncias das quais o nosso corpo depende para sobreviver: o oxigênio do ar que respiramos, os líquidos que bebemos, a comida que comemos.
Assim, as vias não invasivas de administração de substâncias são a inalatória, a interna e a transdérmica. A injeção( intravenosa, subcutânea e muscular) é a mais invasiva dessas vias.
Outras substâncias, como as drogas (sejam elas famacêuticas ou recreativas) e os poluentes, também podem ser administradas ou absorvidas por essas vias.
Essas barreiras naturais são a nossa interface com o ambiente e trabalham em simbiose com a microbiota (agregados de micro-organismos que reside sobre ou dentro de diversos tecidos e biofluidos humanos) para proteger nosso corpo ou ajudar a processar as substâncias administradas.

Após a administração, a substância para pelos seguintes estágios:
- Absorção
- Distribuição
- Armazenamento
- Metabolismo
- Excreção (urina ou fezes)
Absorção
A absorção é o processo no qual a sustância administrada atravessa as barreiras para entrar no corpo em si, atingindo a corrente sanguínea através da circulação linfática e dos capilares.
A quantidade absorvida e a taxa de absorção dependem da substância e da via de administração.
Distribuição
A distribuição corresponde à movimentação do medicamento pelo corpo através do sistema circulatório. Certas substâncias podem ser atraídas por órgãos e sistemas específicos, tendo intencionalmente um propósito terapêuticos ou, no caso dos poluentes, causando efeitos adversos tóxicos.
Armazenamento
Certas substâncias podem ser armazenadas em várias partes do corpo, como a gordura ou os ossos, permanecendo lá por alguns dias, anos ou décadas. Dessa forma, a maconha por exemplo permanece no corpo por entre um e três meses, dependendo do conteúdo de gordura do corpo; os opiáceos (substâncias químicas presentes na papoula, com ação analgésica e depressora do sistema nervoso central) permanecem por entre três e sete dias; a cocaína e as metanfetaminas permanecem por entre três e cinco dias; o álcool por entre doze e vinte quatro horas; e a nicotina por entre um e dez dias.
Pesticidas como o DDT (atualmente banido em quase todo o mundo) podem permanecer no corpo por anos e até décadas. O chumbo fica armazenado nos ossos por décadas e o amianto permanece nos pulmões para sempre.
Metabolismo
A maior parte das substâncias absorvidas pelo corpo interage com várias outras secretadas por órgãos como estômago, intestinos, pâncreas e fígado. Elas são transformadas num processo chamado metabolismo, tornando-se novas substâncias, os metabólitos.
Os macrosnutrientes (carboidratos, proteínas, gorduras) fornecem energia para que os processos celulares aconteçam e são as bases das proteínas, lipídios e ácidos nucleicos.
O metabolismo tende a produzir substâncias que o corpo excreta mais facilmente, mas em alguns casos, os metabólitos podem ser mais tóxicos que a substância originalmente absorvida. Quando ingerido, o THC é metabolizado em 11-hidroxi-THC, que é muito mais psicoativo que o THC, e leva muito mais tempo para atravessar a barreira hematoencefálica.
O fígado transforma o álcool em acetaldeído, que é mais tóxico e deteriorador que o próprio álcool. Em geral, o acetaldeído é rapidamente transformado em ácido acético (o nosso bom e inofensivo vinagre), mas essa segunda conversão é retardada pela ingestão excessiva de álcool, causando dores de cabeça, náusea, palpitações e ruborização. Os portadores de uma mutação genética prevalente entre as populações mongoloides (chineses Han, taiwaneses, chineses americanos, japoneses e coreanos) não são capazes de metabolizar o acetaldeído e são quase que completamente intolerantes ao álcool.
Excreção
Quando as substâncias absorvidas e seus metabólitos cumprem suas funções, as sobras e subprodutos são excretadas pelo corpo. Os rins eliminam os resíduos solúveis em água através da urina e o intestino grosso elimina os resíduos sólidos através das fezes. Os pulmões eliminam dióxido de carbono.
As substâncias voláteis como o álcool são parcialmente eliminadas pelos pulmões. Os pulmões também usam seus cílios e mucosa para fazer aderir a poeira e toxinas, que depois são excretadas no muco.
Conclusão
Nessa parte 1 vimos a importância e formas na administração, riscos e cuidados para entender como nosso corpo funciona em relação a qualquer substância. Para completar e entender o estudo na parte 2 veremos como funciona a biodisponibilidade e a barreira hematoencefálica, assim como outras vias de administração.
Quer saber mais sobre óleos essenciais, conhecer novas praticas e descobrir como melhorar a qualidade de vida?
Inscreva-se na nossa newsletter e receba conteúdo de valor todos os meses.
[…] uso de óleos essenciais ao qual para entende-lo por completo é necessário ler a primeira parte, clique aqui para ler […]